No auge dos 17 anos, James convida Amelia, também com 17, para sair. É início de verão e não há nada mais comum do que jovens saindo uns com os outros. Se bem que, para ela, James era um desconhecido, mas isso não seria problema, eles dariam apenas um passeio de canoa pelos lagos, a ideia parecia excitante.

James era filho do dono da loja de ferragens, mas ele se sentia inseguro quanto a isso, tinha medo de Amelia não o querer por ter um futuro não tão promissor quanto outros garotos. Isso não era um problema para ela, no entanto, que queria apreciar cada momento da viagem em seu primeiro encontro com James.

O segundo lago, conectado ao primeiro, era um lugar deserto, suas margens eram cheias de árvores e não se via casa alguma por perto, poucos barcos também rodavam por ali. Não parecia haver qualquer lugar por perto, até que os jovens perceberam um pequeno túnel entre as árvores que mal daria para a canoa atravessar.

O que teria do outro lado daquele túnel? As paredes dele demonstravam que James e Amelia não tinham sido os únicos a passarem por ali. Em algum momento, alguém havia registrado desenhos por ali, desenhos um tanto obscenos. O que será que aquele possível terceiro lago, para além do túnel, guardava para aquele casal?

O terceiro lago era menor que os outros, além de ter um odor ao redor que incomodou a ambos. Parecia um lago comum até eles descobrirem algo muito estranho dentro dele: uma casa. Sim, isso mesmo, uma casa. Era praticamente impossível daquilo acontecer, como uma casa havia parado no fundo de um lago? Eles queriam explorar o lugar, o instinto de adolescente era maior que qualquer pensamento racional de que poderiam acabar morrendo embaixo d’água sem nenhum equipamento.

Mesmo assim, eles desceram e desceram. Era uma casa enorme de dois andares, com a escuridão do lago engolindo suas margens e tornando o ambiente ainda mais assustador. Pior do que tudo isso, descobriu Amelia, foi quando entrou na casa e percebeu que ela era totalmente mobiliada, mais que isso, a sua mobília permanecia no chão da casa, como se nunca tivesse sido afundada. Nada boiava, nada seguia as leis da natureza, ali dentro a casa ditava suas próprias regras.

A casa do terceiro lago era um segredo só deles, ninguém mais sabia, nem mesmo o tio Bob. Era a magia do primeiro encontro, e de todos os que viriam a seguir até começarem a se apaixonar. Um amor ligado à uma casa no fundo de um lago que eles não faziam ideia de como funcionava. Os jovens estavam tão obcecados em explorar a casa, que construíram uma balsa para poderem passar noites ao lado da descoberta, como se a qualquer momento ela pudesse desaparecer dali, impossivelmente da mesma forma que havia aparecido.

Em paralelo a tudo isso, James e Amelia estão chegando a um momento da relação que todo adolescente chega, de explorar sua sexualidade. Ambos virgens, mas com desejos que vão além do simples beijo. A casa dava uma aura sombria de adrenalina ao desejo deles, principalmente no decorrer das explorações, quando eles começaram a perceber coisas estranhas acontecendo no fundo do lago.

Será que eles não estavam sozinhos dentro da casa, mesmo não havendo ninguém lá? A sensação que eu senti foi de que tudo possuía vida própria e conseguia sentir os sentimentos dos adolescentes através das ondas invisíveis debaixo d’água. O que mais me surpreendeu, embora tenha sido uma atitude idiota, foi o fato deles quererem sentir o que quer que a casa carregasse. Eles não queriam fugir, não queriam deixar que o medo dominasse toda a magia do impossível. Quais as consequências de tamanha imprudência?

Uma Casa no Fundo de um Lago é o terceiro livro do Josh Malerman publicado aqui no Brasil pela Editora Intrínseca e ele segue as mesmas características de escrita e enredo já conhecidas em seu livro mais famoso, Caixa de Pássaros. Embora tenha me convencido, o Josh é o tipo de autor que deixa pontas soltas para que nós mesmos as atem.