Na casa, todos os anos, Elio sempre cedia o seu quarto regular aos inquilinos no perÃodo do verão, ficando assim com o de hóspedes. Ambientado nos anos 80, a aura da narrativa consegue passar esse sentimento de forma esplendorosa com seus personagens caracterÃsticos e uma cultura da qual não estamos habituados a imergir, a italiana.
Com o passar das semanas, Elio tem cada vez mais certeza de que Oliver o odeia. Ou era isso ou ele não sabia quais sentimentos de aversão o inquilino tinha contra ele, o que dificultava a interação um com o outro. Até depois, era o que Oliver mais adorava falar e o que mais atingia em cheio o coração de Elio por não saber exatamente o que aquelas palavras, tão simples e ao mesmo tempo enigmáticas, queriam transparecer.
Até depois! e todos já amavam ele. Elio mais do que todo mundo, mas nunca deixava uma faÃsca transparecer, ou pelo menos tentava. Não era recÃproco, era o que o jovem de 17 anos pensava consigo. Ele era novo demais e ninguém o tratava como alguém que já não era mais uma criança. Foi então que o desejo se mostrou presente, ardente e crescente.
Elio o desejava a todo instante, a cada suspiro dado. Sua mente era fértil o bastante para imaginar o que faria com ele, caso tivesse a chance. Enquanto o verão passava, os dois tinham altos e baixos nos momentos de interação. Seria Oliver alguém muito educado para dizer que o odiava? Seria Elio capaz de viver com aquilo dentro dele, sem ter alguém para contar o que lhe consumia por dentro?
Ele queria a amizade de Oliver, mesmo que fosse apenas aquilo, mesmo que não fosse o seu corpo nu em seus lençóis. Algumas migalhas seriam suficientes para ele. É a partir desse momento que o personagem começa a demonstrar o tamanho da sua instabilidade, até mesmo uma pontada de egoÃsmo. Complexo e cheio de paranoias, Elio é apenas um adolescente se tornando adulto e todos os seus desejos e paixões estão ainda mais quentes e aflorados. Oliver realmente o odiava? Alguns dias tinha absoluta certeza que sim, em outros não.
Até que chegou o flerte. Eles estavam flertando? Meu Deus, como era difÃcil para ele saber, já que a interação entre os dois era tão balizada na indiferença. Eles estavam flertando. Quando percebeu, Elio se sentiu no paraÃso. Um paraÃso tão perfeito quanto o paraÃso de Oliver na beira da piscina, enquanto trabalhava em seu manuscrito. Aquilo estaria mesmo acontecendo? Ele não sabia qual seria o destino deles a partir dali, tudo que Elio queria era estar nos seus braços, na sua cama, nos seus lençóis.
E, na calada da noite, foi onde tudo se intensificou, onde, todos os dias, Elio conhecia o paraÃso de perto e o tocava. O desejo era mútuo, irradiante e amedrontado pelo tempo que se esgotava. Em apenas alguns dias Oliver estaria pegando um avião de volta à Nova Iorque e tudo voltaria ao que era antes. Elio não queria pensar a respeito disso, não queria pensar no futuro e o que estaria reservado para eles.
Dali a alguns dias lembraria do seu calção de banho, a camisa esvoaçante, o óculos de sol. O verão acabaria e Oliver partiria com ele. Mas antes que tudo aquilo acontecesse, antes que o inevitável chegasse, os dois aproveitariam cada segundo juntos. Chamariam um ao outro pelos seus próprios nomes e sentiriam o amor irradiar em cada parte do corpo.
Me Chame Pelo Seu Nome é um livro complexo, com personagens marcantes e singulares, que conta a história do primeiro amor de um homem por outro homem. A luta interna, o descobrimento, a aceitação, a exalação de um sentimento tão lindo e genuÃno que é o primeiro amor. As consequências são apenas consequências, nada com que o nosso coração não possa suportar, suportar e suportar...
Sedenta pra assistir o filme, ótima resenha!
ResponderExcluir<3 <3
Excluir