Entre na cabeça do assassino - Mindhunter (Resenha)

Minha nota: 
Nome: Mindhunter
Autor(a): John Douglas e Mark Olshaker
Editora: Intrínseca

Após 6 anos se matando de trabalhar em centenas de casos na Unidade de Apoio Investigativo, no FBI, John Douglas quase não parava em seu escritório de tanto que viajava a trabalho. Até que um certo dia, no início de Dezembro de 1983, o seu corpo o traiu. Ele não estava aguentando a correria da sua vida, o estresse e a vulnerabilidade lhe causaram encefalite viral e quase o matou. Por sorte, sobreviveu e conseguiu voltar a trabalhar alguns meses depois do ocorrido.

Analisar, estudar, pesquisar sobre perfis de criminosos é o trabalho mais importante que Douglas fez no FBI. Analisar crimes e criminosos não é e nunca será uma tarefa fácil, pois primeiramente você tem que entrar na cabeça desses assassinos, tem que criar uma linha de raciocínio que induza o que os levaram a cometer tais crimes. Além dos criminosos, é preciso conhecer a vítima para aprimorar ainda mais o perfil do possível assassino.

John nos salienta a importância da criação de padrões para identificar esses criminosos, a experiência que cada caso singular agrega a ele. Esse sistema não é tão velho assim na nossa realidade, porém, ele já existia bem antes na literatura ficcional em obras de Edgar Allan Poe e Arthur Conan Doyle. Estudar as ações faz com que se estabeleça ligações com as personalidades dos autores desses crimes.
Comportamento reflete personalidade.
Desde pequeno John não era muito bom nas matérias comuns que são ensinadas nos colégios, mas havia nele uma intrínseca peculiaridade que o fazia ser diferente. Desde aquela época ele já indiciava características de um analista, observando e induzindo algumas situações.

Sua trajetória não foi fácil, em sua época de colégio dizia que queria ser veterinário e até passou um tempo estudando isso, mas não era o que ele realmente seria. Após isso, entrou para a força aérea, onde passou alguns anos trabalhando e estudando psicologia paralelamente. Tava ali um campo que lhe interessava, a psicologia, estudar a mente humana.

Saindo da força aérea, John resolveu entrar para o FBI depois de ser influenciado para tal. Contudo, após algum tempo trabalhando como agente, num certo sábado chuvoso, ele teve um insight que mudaria para sempre sua carreira na organização. Os crimes não eram desconexos, alguma coisa sempre se destacava perante o todo, uma assinatura que demonstrava a personalidade do criminoso.

Depois de alguns anos trabalhando em outras áreas do FBI, e com seu mestrado em psicologia finalmente concluído, Douglas teve seu primeiro contato com a ciência comportamental enquanto fazia um curso sobre negociação de reféns em Quantico, Academia do FBI. Foi aí que sua carreira começou a transformá-lo no famoso agente que conhecemos hoje.

Trazendo casos em cima de casos para demonstrar como era de fato o seu dia a dia e como era o seu processo de investigação, Douglas nos diz algo que já deveríamos estar atentos. Os assassinos em série são tão articulados e eloquentes, que eles fazem a gente pensar ser impossível pessoas como eles serem realmente tão cruéis ao ponto de cometerem crimes de uma magnitude imensurável como as descritas no livro.

Por empirismo próprio, suas técnicas de análise e estudo estão altamente centradas na minuciosa prática de olhar pra cena do crime e poder estudá-la sob diversos prismas. John faz a analogia de que “se quiser compreender um artista, olhe para sua obra”, pois esses criminosos pensam em cada detalhe dos seus crimes, eles os consideram obras e apreciam-se como artistas.

De maneira geral, o livro acaba sendo um prato cheio para quem gosta do assunto e quer saber sobre fatos reais, já que o autor descreve vários e vários momentos e casos icônicos da sua carreira no FBI. É como uma autobiografia da sua trajetória, onde conhecemos alguns dos assassinos mais perigosos da sua época de atuação. Mindhunter é um livro essencial para todos os amantes da literatura policial. Além disso, existe uma série de mesmo nome, produzida pela Netflix, que estreou no serviço de streaming ano passado.

Marlon Gonçalves

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