TOC é algo sério


Sabem aquele velho discurso de "precisamos falar sobre isso e aquilo"? Pois então, o livro Tartarugas até lá embaixo coloca em pauta alguns temas que se enquadram perfeitamente nesse velho discurso. Não é algo simples nem "modinha", como muitos costumam argumentar, o que se passa na vida, e na mente, da protagonista.

Aza Holmes sofre de sérios problemas de ansiedade, mais precisamente de Transtorno Obsessivo-Compulsivo, popularmente conhecido como TOC. Um dos grandes problemas que vemos hoje em dia é a romantização de determinado assunto sério, isso é o que infelizmente acontece com algumas doenças mentais que são graves e precisam de cuidados delicados.

Quem nunca falou que tem TOC de alguma coisa, mas na verdade não passa de uma mania generalizada, algo que "todo mundo fala"? Isso acaba dificultando nas situações reais, principalmente para a própria pessoa, na aceitação desse tipo de ansiedade. "Ah, mas todo mundo tem isso." Na verdade não, não é todo mundo que tem isso e simplesmente não deve ser levado para o lado da brincadeira.

Aza consegue encontrar algumas âncoras no decorrer de sua vida, nas quais ela consegue se manter estável por alguns momentos, mas mesmo assim ainda não totalmente no controle. Pelo menos não pra ela, não o suficiente como gostaria.

Essa ansiedade acaba não prejudicando só ela, mas também afeta algumas pessoas ao seu redor. São pensamentos intrusivos que permeiam sua cabeça sem sua permissão. Ela cai em uma espiral de pensamentos na qual vai se afunilando infinitivamente sem que ela consiga uma ruptura. E é aí que ela perde o controle de si mesma, não é ela que escolhe os próprios pensamentos.
As espirais vão se fechando até o infinito quanto mais mergulharmos nelas, mas também se ampliam até o infinito à medida que saímos.
Essa metáfora da espiral é uma forma que a personagem encontra para conseguir externalizar a sensação de não estar sobre o controle de sua vida. Ela passa o tempo todo com demônios em sua cabeça afundando-a nos ciclos viciosos da espiral. Gira gira gira. É uma angústia toda essa trajetória da Aza e é ainda mais forte para nós, leitores, que lemos aquilo e não podemos fazer nada a respeito da personagem.

Essa é a lição de hoje, gente. Não vamos romantizar aquilo que nos faz mal, vamos arranjar uma forma de colocar isso pra fora e não guardar nada de ruim dentro de nós. A espiral só vai parar de afunilar quando a gente resolver colocá-la de cabeça pra baixo.

Marlon Gonçalves

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