A peculiaridade dos novos personagens de John Green


Por mais que eu não seja tão fã assim do John Green, eu confesso que os personagens dele são construídos de uma forma que faz o leitor amar muito ou odiar na mesma proporção. Não é um personagem principal ou coadjuvante caricato em seu local de fala, não é a mocinha e o mocinho. São personagens que beiram a realidade de uma forma que nem mesmo nós, às vezes, conseguimos enxergar.

Pois é, talvez isso faça com que alguns leitores odeiem mesmo esses personagens. Isso acontece, creio eu, pelo fato deles quererem exatamente fugir de suas realidades, não ir mais a fundo nelas. Algumas pessoas leem em busca de vidas fantasiosamente ideais, não reais. Confesso que na maioria das vezes eu sou esse tipo de leitor, mas nem sempre. Existem fases que preferimos andar com os pés no chão e outras que preferimos voar bem alto.

Em Tartarugas até lá embaixo, Green não traz algo diferente do seu molde de escrita, levando em conta cenário e complexidade de leitura. Mas há sempre algo novo: os personagens e suas peculiaridades. Quem não lembra da maravilhosa Alasca, gente?

A personagem principal, Aza Holmes, está longe de ser uma pessoa normal. Ela é uma personagem forte em suas características e personalidade, quase algo que você consegue entrar no livro e apalpar. A gente literalmente entra na cabeça de Aza, até parece que estamos com ela, do lado de fora de sua consciência, observando seus pensamentos intrusos. Aza sofre de um problema forte, que é a ansiedade, o TOC, algo que muita gente sofre em diferentes níveis e não dão a atenção necessária para o problema.

Já do outro lado do White River, está o jovem bilionário Davis Pickett, com toda sua penca de problemas. As pessoas costumam achar que rico não tem problema, né? Pois é, mas vemos que cada problema tem o seu grau de unicidade, não importa a quantidade de zeros na conta bancária da pessoa. Davis é alguém carente e que precisa de uma atenção real, que não seja fruto do que ele é ou do que pode oferecer.
Não dá para saber como é a dor de outra pessoa, da mesma forma que tocar o corpo de alguém não é o mesmo que viver naquele corpo.
Alguém próximo do Davis que também é marcante, é o pequeno Noah, que tem apenas 13 anos e não tem nem pai nem mãe para dar-lhe amor. Isso é um pouco traumatizante para uma criança, ainda mais quando se tem o peso de ser bilionário nas costas. Não é fácil, mas a vida é isso, um emaranhado de dificuldades.

Por fim temos a Daisy, melhor amiga da Aza, que é toda extrovertida e não para a boca um minuto sequer, tal qual extremo oposto de Aza. Mas acho que isso não é algo que signifique felicidade extrema, apenas acho que é uma forma de ruptura encontrada pela personagem para encobrir os seus reais sentimentos. Quem nunca fez algo assim na vida? Quem nunca sorriu estando chorando horrores por trás do semblante alegre?

Esses são apenas alguns dos novos personagens do John Green, e também uns dos mais fortes do autor até agora, juntando a Alasca no combo, porque Alasca é maravilhosa, né?

Marlon Gonçalves

Nenhum comentário:

Postar um comentário